Salvador é a capital do estado da Bahía e é o terceiro município com mais população do Brasil. A Bahía é banhada pelo oceano Atlântico durante 900 quilómetros de costa, o que a faz ser muito procurada por aqueles que querem fazer praia. Situa-se na região nordeste do Brasil e é o estado que mais fronteiras tem com outros estados. Salvador foi o local da chegada de vários portugueses em 1500 e mais tarde começou a ser povoada por estes, o que nos faz encontrar imensas influências portuguesas pela cidade. Por vezes sentimos que estamos na baixa de Lisboa a contemplar alguns monumentos portugueses, mas as baianas vestidas a rigor, a água de côco e o acarajé não nos permitem prolongar esse pensamento.


Em Salvador senti-me em casa. Desde a chegada ao aeroporto até à viagem, de cerca de meia hora, que nos levou ao Pelourinho, onde ficámos hospedados, fomos conduzidos por um taxista baiano. Conseguimos de imediato perceber a diferença na personalidade dos baianos. Se até aqui já achávamos os cariocas simpáticos e os brasileiros, no geral, afáveis, os baianos superam! O falar arrastado, o som meloso das palavras, o sorriso destemido e a gargalhada alta fizeram-me apaixonar por estas gentes. “Portugal na Bahía é alegria”, disse-nos o “xará” Ivan, que rapidamente nos interceptou, enquanto subíamos até à Fundação Jorge Amado, fazendo questão de nos “oferecer” pulseiras do Senhor do Bonfim da Bahía ao mesmo tempo que “batíamos um papo” e nos dava três nós, um por cada desejo. “Ofereceu-nos” colares e mais pulseiras “para a família”- dizia ele, a troco de uma contribuição choruda no final. Ao mesmo tempo que conversávamos, os batuques dos tambores já ressoavam por entre as ruas, naquela cidade que não vive sem música.

À medida que percorremos a zona histórica são muitas as alusões ao Olodum – maior grupo de percursão do mundo-, a inúmeros cantores baianos e ao carnaval, com t-shirts e bandeiras esquecidas nas montras mas tão essenciais que se tornam parte natural da cidade e das pessoas. Aqui a temperatura é mais alta, não só nas pessoas como nos termómetros. Aqui faz muito calor, é Inverno, está abafado e a roupa cola-se ao corpo.

Nos pés só entram chinelos, maioritariamente havaianas e garanto-vos que é uma arte conseguir caminhar com esse calçado nestas ruas tão difíceis. O piso transporta-nos às estradas antigas portuguesas, feitas com pedra e de desnível acentuado. Caminhar aqui é um jogo e o vencedor é, merecidamente, o que não torcer o pé!

Para quem vem de zonas mais a sul do Brasil, em Salvador sentimos as diferenças em relação ao clima e à temperatura da água do mar. Em Salvador faz-se boa praia, a água é agradável e as areias mantêm-se finas e brancas como no restantes lugares onde estivemos. Fazer praia em Salvador (primeiro tentámos a Barra) é estar em família! Os baianos não têm “privacidade” no seu vocabulário, os baianos estão bem em grupo e vivem em amizade. Na praia estamos sozinhos mas muito acompanhados, seja por famílias ou grupos inteiros de amigos que tiraram o dia para ali estar. Fazer praia em Salvador foi semelhante ao Rio, com muita bebida e comida à escolha. Aqui até o menu nos trazem para que possamos escolher o que comer ou beber. Os vendedores ambulantes não param de passar e a confusão é imensa. Mais tarde, percebemos que as praias mais à frente estavam vazias e resolvemos caminhar até lá. Aqui o mar era mais agitado e havia ondas, razão pela qual as famílias não escolhiam este lugar. Ali ficámos durante horas na água. Nesse dia choveu ao final da tarde.


Na Bahía come-se muito bem. Há imensos pratos típicos que vão desde o acarajé, presente em todas as ruas de Salvador, às moquecas (de camarão ou legumes),  à cocada e ao pé de moleque. Os pratos são muito temperados e os sabores muito fortes mas deliciosos!

A noite em Salvador é sempre animada. Enquanto que no Rio não saímos muito à noite, acima de tudo por questões de segurança, em Salvador todos os caminhos iam dar ao Pelourinho. As noites amenas pediam que fossemos passear. Enquanto lá estávamos, houve animação todas as noites mesmo sendo Inverno. Todos os dias existia  um grupo musical diferente a tocar, num palco simples, montado na praça e era agradável, enquanto apreciavamos o jantar, ouvir melodias que fazem parte da história da música brasileira. Nestes casos, no Brasil, é frequente aparecer no talão do pagamento a designação “convert musical”, o que representa uma taxa por estarmos num espaço que disponibiliza música ao vivo.

Adorei Salvador e como “baiana” emprestada que me tornei, ambiciono ir um dia ao Carnaval e sentir toda aquela alegria e loucura. Quero muito repetir os sabores deliciosos do acarajé, voltar a passear  no Mercado Modelo, subir e descer o elevador Lacerda e rever a pulseira por nós deixada no Senhor do Bonfim. Mas sobre isso falar-vos-ei mais tarde.

Até à próxima,

Joana


1 Comment

Miguel A. Gonçalves · 10/10/2018 at 9:52 AM

Já lá vai um bom tempo desde que fui ao Brasil! Hora de voltar em breve e pelo artigo, Salvador pareceu-me ponto obrigatório 😉

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