Não há pior sensação para os amantes de viagens do que a entrada no avião que os trará de regresso a casa. Não porque tenham medo de andar de avião ou até porque não gostem de estar em casa, mas sim porque dita o final da viagem. Este é o momento em que entram em ressaca. Em que a vida perde um pouco do sentido e andam por aí como baratas tontas sem saber bem o que fazer. Pelo menos é assim que eu me sinto quando termina uma aventura e ainda não há outra em vista.
Chegamos a casa. Demoramos semanas a desfazer as malas, colamos os ímanes no frigorífico, distribuímos os souvenirs pelas avós e damos cliques infinitos nos álbuns de fotografias no nosso computador.
O regresso à rotina é desolador, dou por mim a pensar em todos os detalhes da nossa aventura, das conversas, dos sítios onde estivemos sentados a apreciar a cidade, dos cafés que bebemos, dos sorrisos que vimos, dos monumentos que visitámos e da essência que conseguimos absorver e que já está tão bem gravada na nossa memória.
Depois vêm os planos, os desejos de embarcar numa nova aventura e de nos perdermos por outros recantos de outro qualquer lugar.
A próxima viagem tem de ser planeada cuidadosamente, temos de comparar preços, lugares, altura para viajar e temos de fazer cedências, muitas cedências.
Mesmo quando até já temos a viagem seguinte comprada e planeada, os dias custam a passar. Os guias são lidos e relidos. Os blogs são visitados dia após dia na esperança de que não nos escape nada. Já não existem mais vídeos sobre o destino para observar.
E é isto que nos resta. Esperar e desesperar nos meses que antecedem o próximo levantar de asas e a cura desta ressaca entre viagens.

Ivan


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