Quando comecei a pensar fazer o Caminho de Santiago, talvez duas a três semanas antes, li e pesquisei muito sobre o que devia levar na mochila. Preocupava-me porque nunca tinha passado por nenhuma experiência semelhante anteriormente, ou seja, isto de andar de mochila às costas a pé, era novidade. Quando éramos miúdos, nos nossos 18 anos, eu e o Ivan fomos acampar para Vila Nova de Milfontes, de mochila às costas, entrámos no autocarro e mesmo assim andámos o tempo todo extremamente carregados. Agora seria diferente, sabia e não queria dar-me a esse luxo, ainda mais quando numa experiência como esta, em que só o corpo e a cabeça importam. Não seria aquele ou outro objecto que fariam a diferença na minha experiência. Agora que olho em perspectiva para a experiência que foi, continuo muito contente com a minha decisão de apenas ter levado o indispensável.

1.Impermeável

Antes de partir para o caminho, verifiquei algumas vezes o tempo que ia estar naqueles dias nas zonas em que íamos passar. Porém, isto é muito relativo. Estamos a falar da Galiza, região de Espanha com o tempo mais inconstante e onde as chuvas são frequentes. Levava um impermeável no fundo da mochila na esperança de nunca o ter que usar. Porém, não foi assim. No terceiro e quartos dias lá tive que me socorrer do impermeável. Como levava um corta vento vestido, usei o impermeável para tapar a mochila de forma a que não se molhasse. Contudo, se fosse hoje, teria levado ou um impermeável maior- que me tapasse a mim e à mochila, ou um impermeável para mim e uma protecção para a mochila.

1

2. Ficha tripla

Uma ficha tripla é um objecto que eu transporto comigo em todas as viagens que faço. No Caminho não podia ser diferente. Nos albergues, sejam eles oficiais ou não, temos divisões grandes com muitos hóspedes e claro, todos querem repor a bateria dos seus telefones, aproveitar para falar com a família e amigos. Com a tripla facilitamos a vida a todos e podemos partilhar a mesma tomada com vários peregrinos. Alerto para que não deixem valores à vista, sem que estejam presentes, pois nunca se sabe quais são as intenções das pessoas.

3. Saco-cama

No caminho Português, os albergues oficiais não têm roupa de cama, pelo que é necessário levar um saco-cama para utilizar. O saco-cama deverá ser adequado à altura do ano em que se vai e às temperaturas esperadas. É importante que seja leve e que vá bem preso à mochila sem gerar desconforto.

4. Bastão de caminhada

O bastão de caminhada é um grande amigo e deve sempre acompanhar o peregrino. Inicialmente achei que não teria grande jeito para caminhar com mais uma “perna” mas bastaram os primeiros quilómetros para me provar o contrário. O bastão de caminhada suporta 30% do peso corporal e em piso mais complexo (pedras, lama, trilho) ajuda a apoiar os pés e a dar o passo certo. Ajuda a manter o ritmo de caminhada e apoia-nos em relação à posição do corpo- o que se nota principalmente devido ao carrego da mochila. Até à data de fazer ao caminho, pensei que seria um acessório dispensável, mas por ver tantas pessoas a usar resolvi debruçar-me sobre o assunto e acabei por comprar o mais barato que a Decathlon tem disponível (cerca de 5€). Ainda bem que o fiz!

março_16 906.JPG

5. Vaselina

Apesar de ter ficado para o fim da lista, não é, de todo, menos importante. A vaselina tem uma importância extrema na caminhada de qualquer peregrino. Quem é que não ambiciona andar quilómetros e quilómetros sem fazer uma única bolha nos pés? Sim, é possível. Os pés são o que possibilita ao caminhante chegar ao seu destino e devem ser, por isso, o centro das atenções e cuidados. A ideia pode não parecer apetitosa mas basta barrar o pé com o creme em abundância, calçar as meias e começar a andar. Este procedimento deve ser feito várias vezes ao dia de forma a manter os pés bem hidratados, evitando a fricção da pele na meia e as bolhas como consequência. À medida que os pés acumulam quilómetros, pedem mais hidratação e é preciso estar atento aos sinais. Não vale a pena gastar dinheiro com produtos caros que prometem milagres quando a solução está num tubo que custa 0,90€. Com isto, temos ainda o pretexto perfeito para parar e massajar os pés, enquanto recarregamos baterias para mais uns quantos quilómetros.

março_16 533

Até à próxima,

Joana


0 Comments

Deixe um comentário

Avatar placeholder

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *